JOSÉ LUIS tem tentado compreender e delimitar o tema de sua tese de doutoramento. Mas muitas vezes parece andar em círculos. Vamos tentar a partir desta fase "V" definir noções e questões fundamentais para o desenvolvimento do Projecto de Tese de JOSÉ LUIS. MÁQUINAS DE DESENHAR é o título de sua tese e o que delimita o tema "DESENHO" é a noção fenoménica entre [INTERACTIVO e INTERACTIVIDADE]. Mas como se pode deduzir a partir dos esquemas que vamos apresentar logo abaixo, a condição fenoménica segundo JOSÉ LUIS reduz-se à OBRA-de-ARTE-"em-si-mesma". A partir do que se torna necessário poder observar a existência de uma OBRA de-ARTE sem a interferência de uma consciência externa ao fenómeno OBRA-de-ARTE-"em-si-mesmo". Desta forma, em termos hegelianos e segundo JOSÉ LUIS, a OBRA-"em-si-mesma" é [interacção e interactividade] como uma existêcia interactiva e fenoménica sobre a qual não há, como presença, uma interferência; ou dito de outra forma; não deveria haver uma interferência de uma consciência, apesar da OBRA existir como fenómeno. Vejamos então como enquadrar estas questões em cada um dos conceitos que alicerce a argumentação de JOSÉ LUIS. Assim, vamos avançar quadro à quadro: FIGURA 005 - neste primeiro esquema abaixo, é possível verificar a questão do "processo". O que vai obrigar JOSÉ LUIS a rever os subcapítulos do capítulo 1 de seu índice, principalmente no que concerne a utilização dos termos "desenho" e "desenhar". FIGURA 006 - neste segundo esquema abaixo, é possível verificar a questão do [interactivo e da consciência]. Ou seja, a [existência e o fenómeno]. O que vai definir o "lugar" do "processo" e da "consciência" na investigação de JOSÉ LUIS. FIGURA 007 - neste terceiro esquema abaixo, procura-se definir o que é o "processo", o "desenho" e o "desenhar" como "interactivos". Contudo, segundo JOSÉ LUIS, [o "interactivo" não há sem a "interactividade"]. FIGURA 008 - neste quarto esquema abaixo, reafirma-se o que acontece no esquema acima. Ou seja, como JOSÉ LUIS atravessa com um discurso a questão da relação [PROCESSO | MÁQUINA DE DESENHAR]. FIGURA 009 - neste quinto esquema abaixo, define-se o "lugar" da existência (ontologia) e do fenómeno (representação | consciência) no discurso de JOSÉ LUIS. O que se tenta evidenciar neste esquema é a evidente relação estabelecida por JOSÉ LUIS entre a [ontologia e o interactivo] e a [fenomenologia e a interactividade] através da actividade ("fazer"). FIGURA 010 - e enfim neste esquema abaixo, definir o "lugar" da "consciência" diante de (uma)-OBRA-de-ARTE. Ou seja, segundo JOSÉ LUIS, a realidade-enquanto-SER (ontos-on | ser-em-realidade) é a OBRA-de-ARTE, não-"havendo" OUTRA-realidade que não esta. Ou seja, a OBRA-de-ARTE é (uma)-duração enquanto "conhecimento das essências" e não-(uma)-representação, apesar de SER-fenómeno enquanto tal. Segue abaixo os seis esquemas acima em ficheiro .pdf.
Leia e estude tudo isto com muito cuidado e exponha as eventuais dúvidas que surgirem como comentários.
12 Comentários
jl
15/2/2019 12:20:14
Podes explicar um pouco o que entendes por "em-si-mesma"?
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Jl
15/2/2019 12:21:15
Segundo Hegel, que é ao que te referes.
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SIMÃO MONTEIRO
15/2/2019 23:54:27
Vamos lá ver. Eu afirmo que, cito: "...em termos hegelianos e segundo JOSÉ LUIS, a OBRA-"em-si-mesma" é [interacção e interactividade] como uma existêcia interactiva e fenoménica sobre a qual não há, como presença, uma interferência; ou dito de outra forma; não deveria haver uma interferência de uma consciência, apesar da OBRA existir como fenómeno." Ora, como filosoficamente o fenómeno é a consciência da "coisa" enquanto representação, o que nos está a propor José Luis é (uma)-impossibilidade, pois José Luis QUER observar a OBRA-de-ARTE-"em-si" e não como (um)-"por-si" [que a OBRA é]. Ou seja, a OBRA é existência dependente do sujeito que a cria, mas José Luis que observá-la como existência que é independente do sujeito que a cria. O que termos husserlianos é (um)-“conhecimento essencial” (essência) e não (uma)-“coisa”; dito de outra forma, segundo o modelo fenoménico husserliano, (uma)-OBRA-de-ARTE é (uma)-"coisa" que existe, mas depende da consciência que a cria, ou seja, do homem. Mas, José Luis considera a existência da OBRA-de-ARTE [(um)-fenómeno + (uma)-essência] simultaneamente, ou seja, é essência e “coisa” ao mesmo tempo mas PODE SER-observada como (um)-não-produto de (uma)-consciência. A partir daqui será melhor abrir-se um novo capítulo. Pois o que é (um)-não-produto? É (um)-não-existir? Como PODE então (um)-não-existir SER-fenómeno-simultaneidade-[consciência | não-consciência]? Como fenómeno-“em-si”? Será que (um)-fenómeno-“em-si” PODE SER-(uma)-“coisa” que é presença de (uma)-actualidade e de cada (uma) das possibilidades que “há” em todo-(um)-“haver” mas não de (uma)-consciência? Todas estas perguntas são actualíssimas e é o que você está a levantar mas não tem noção de que o está a fazer. Por isto referi-me a Hegel (hegeliano). Pois segundo Hegel não-se-PODE pensar em (uma)-suspensão-do-juízo, porquê todo “produto” da mente humana é “transito” de (uma)-substância à (uma)-revelação e a este “transito” nós chamamos conceito. Para Husserl não há “transito”, mas tão somente fenómeno na forma de (um)-NOEMA. Isto é mesmo muitíssimo difícil de SER-colocado em palavras, e por isto será sempre muito controverso. A tese do Professor Carlos Vidal acerca da “INVISUALIDADE da PINTURA” trata desta mesma questão, mas de outra forma e com outros argumentos.
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JL
17/2/2019 21:24:00
Uma coisa que também te queria perguntar era se isto que se tenta propor não se aproxima da arte relacional ?
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SIMÃO MONTEIRO
17/2/2019 22:13:31
Somente no sentido de se retirar o artista do centro da questão. Pois Nicolas Bourriaud considera a obra de arte no conjunto das relações humanos e enquanto contexto social. O que você está nesta altura a lidar é com a questão ontofenoménica da obra. Claro que Bourriaud pode sempre ser um ponto referencial. Mas creio, teria que estudar Bourriaud para ter certeza, que a questão ontofenoménica para Bourriaud é outra, ou seja, a obra e as interacções sociais. Desta forma, não há uma consciência individual, mas interacções conscientes. O que percebo como fundamento para uma condição de interpretação. Você nesta altura esta a lidar com uma condição mais conceitual e menos interactiva. Ou seja, interactividade no caminho que José Luis está a tomar, é o que qualifica a obra, mas não cada uma das interacções sociais. Vamos tomar como exemplo uma performance. Pois para uma performance existir, é preciso e imprescindível haver pessoas. Parece-me a partida, que você está a afirmar que esta performance é obra e não o resultado das interacções que "há", em e «entre», cada uma das pessoas. Ou seja, as interacções e contextos sociais, segundo o que você está a construir, não estabelecem uma obra, mas «antes», são OBRA. A diferença é que Bourriaud lida no nível ético, mas a falar do estético; e você lida com o nível estético, para construir argumentos sobre o ético. Temos depois de ver quais são as consequências deste tipo de visão ao contrário do mais comum.
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jl
17/2/2019 22:22:04
"Desta forma, não há uma consciência individual, mas interacções conscientes." não entendo esta parte.
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SIMÃO MONTEIRO
18/2/2019 03:25:20
Segundo a perspectiva de Bourriaud, não há (uma)-consciência-individual (fenómeno husserliano), mas uma consciência colectiva que "imagino", deve misturar ideias junguianas (Carl Jung) à noções foulcaultianas (Michel Foulcault) sobre (um)-sujeito existir como "os" "sujeitos", ou seja, que (uma)-formalidade-indivíduo nunca se constitui (um)-sujeito, mas sempre e somente como "os"-SUJEITOS. Você está a tentar lidar em (um)-nível de interacção, pelo menos pela forma do seu discurso, onde (um)-sujeito-não-"há", mas tão somente (um)-"fazer" no qual a OBRA é "sujeito" enquanto tal, mas não provocadora, mas «antes», [provocação-não-interpretação]. Não é que não seja interpretável, mas a condição linguística desta interpretação esta na própria OBRA enquanto discurso, qualquer outra "coisa"-aparência sobre a OBRA é "perfumaria" desnecessária ou obstrutiva.
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JV
23/2/2019 08:54:33
Tudo isto é muito difícil, é tão complexo. Pergunto-me se o esforço vale a pena... de qualquer forma acho que tenho de começar pelo mais simples, senão não chego a lado algum, não achas?
SIMÃO MONTEIRO
23/2/2019 09:36:14
Veja, o caminho mais "fácil" nem sempre é o menos difícil. O que quero dizer com isto: terás que definir o que é uma MÁQUINA DE DESENHAR como uma formalidade EXTRICTO SENSO. Sabes fazer isto? Depois vais ter que pensar todas as acções desta MÁQUINA em termos absolutos e efectivos deste EXTRICTO SENSO. Por exemplo, vais ter de definir o que é uma MÁQUINA e depois uma MÁQUINA DE DESENHAR. Também vais ter que explicar o porquê "DE DESENHAR" e não "DE DESENHO", e assim por diante. Também terás que fazer estas argumentações diante de uma condição fenomenológica. A questão está em que quando um artista sugere à ti que utilizes uma abordagem fenomenológica, ele realmente não tem uma ideia precisa do que é um fenómeno, lidando com esta ideia em termos muito pouco precisos e muitas vezes equivocados. Portanto, na minha opinião, não há um caminho mais fácil, há um caminho pouco preciso e posso fazer vista grossa aos equívocos: queres isto?
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JL
23/2/2019 09:45:16
" terás que definir o que é uma MÁQUINA DE DESENHAR como uma formalidade EXTRICTO SENSO. Sabes fazer isto? "
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JL
23/2/2019 09:41:25
bom, mas não estou a entender, afinal o que recomendas?
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JL
23/2/2019 09:49:32
Assim, não saio do lugar, estás.me a dar uma data de informação para depois me dizeres que não é o melhor caminho! Poxa, mas se não é o melhor caminho, o que sugeres então? daqui a pouco não tenho tempo para terminar a tese, porque nem sequer a iniciei percebes. Eu preciso de iniciar o meu trabalho para poder conseguir fazer as coisas. Preciso de alguma certeza no que se está a fazer, podes-me ajudar nisso?
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Tese de Doutoramento de José Luis MoreiraConversas iniciais. Histórico
Março 2019
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